1.12.05
Memória do 1º de Dezembro de 1640
Num tempo desgraçadamente desmemoriado, como este que vivemos, não gostaria de terminar o dia, sem lavrar aqui uma pequena mensagem em louvor da memória daqueles bravos conjurados portugueses que, na manhã fria do 1º de Dezembro de 1640, recobraram para nós todos, os dessa época e os das gerações vindouras, a dignidade de voltarmos a ser donos do nosso destino como povo singular, com uma cultura original, autónoma, com personalidade própria, diferente entre as demais.
Bem sei que hoje alguns inconscientes ou pérfidos vendilhões desvalorizam esse gesto determinado. Mas quero crer que na memória íntima e profunda do povo português vive ainda esse orgulho de nação valente, firmado, logo em 1128, nos campos de S. Mamede, em Guimarães, pelo moço infante, Afonso Henriques, contra sua mãe D. Teresa, perigosamente amancebada com o conde galego, Fernão Peres de Trava ; reafirmado em 1385, em Aljubarrota, pela coragem e argúcia de D. Nuno Álvares Pereira e recuperado depois, em Lisboa, no Terreiro do Paço, nas Beiras e nos campos do Alentejo, entre 1640 e 1668, nos recontros vitoriosos de Montijo (Espanha), 1644, Linhas de Elvas, 1659, Ameixial, 1663, Castelo Rodrigo, 1664 e na batalha derradeira, decisiva, de Montes Claros, em 1665.
Só após estas duras batalhas, sempre vitoriosas para as armas nacionais, os espanhóis se resignaram, assinando o Tratado de Paz, em Lisboa, em 1668, reconhecendo a Restauração da Independência de Portugal, na figura do Rei D.João IV, o ex-Duque de Bragança, que aderira ao plano dos conspiradores patriotas.
Houve que lançar alianças, buscar apoios fora da Península, reestruturar o Exército, reorganizar a Administração do Reino, reconquistar as possessões no Ultramar, no Império, que, descurado pelo espanhóis, havia caído, em grande parte, nas mãos de potências rivais, principalmente da Holanda, que sempre nos cobiçara territórios, na América, na África e na Ásia.
Do Brasil, partiu, então, uma preciosa ajuda militar, de colonos portugueses e já mesmo brasileiros, posto que nados e criados no Brasil, mas, irmanados sob a mesma bandeira, souberam lutar para expulsar o inimigo, de Luanda e de outras praças, para aí, de novo, implantarem a soberania portuguesa, outra vez triunfante.
Deve ter sido uma tarefa ingente que nos cumpre hoje recordar e respeitar, para não menosprezarmos aquilo que, então, tanto sangue custou a reerguer.
Em cada época, há uma forma própria, adequada, de defender a nossa soberania e, se os métodos podem mudar, o propósito, esse, deverá ser sempre o mesmo, se quisermos ser dignos do carácter valoroso dos nossos antepassados.
Honra, portanto, aos conjurados de 1640, à cabeça dos quais se achavanm homens de fibra como : João Pinto Ribeiro, D. Antão e D. Luís de Almada, D. Miguel de Almeida e D. Telo de Meneses, alguns dos 40 bravos patriotas, que nesse 1º de Dezembro de 1640 desencaderam a revolta que nos devolveria a dignidade da soberania perdida 60 anos antes, com a infeliz surtida de D. Sebastião nas areias ardentes de Alcácer-Quibir.
Nunca a memória destes feitos se apague das nossas cabeças e dos nossos corações.
A alguns nossos concidadãos poderá parecer excessiva ou deslocada esta linguagem, tão desabituados já estão de a ouvir, alguns deles, outros nunca a terão sequer ouvido. Mas a sua razão e a sua verdade, essas, não morreram ainda e esperemos que não morram nunca, por mais aprofundamentos que a nossa actual integração política na União Europeia venha a sofrer.
De resto, quem nos poderá garantir que o projecto de União Europeia anulará as actuais nacionalidades ? Quem tão-pouco nos poderá assegurar que a União Europeia será sequer um projecto realizável ?
AV_Lisboa, 01 de Dezembro de 2005, dia Feriado em Portugal, em memória da Restauração da Independência, neste mesmo dia de Dezembro, no ano de 1640.
Bem sei que hoje alguns inconscientes ou pérfidos vendilhões desvalorizam esse gesto determinado. Mas quero crer que na memória íntima e profunda do povo português vive ainda esse orgulho de nação valente, firmado, logo em 1128, nos campos de S. Mamede, em Guimarães, pelo moço infante, Afonso Henriques, contra sua mãe D. Teresa, perigosamente amancebada com o conde galego, Fernão Peres de Trava ; reafirmado em 1385, em Aljubarrota, pela coragem e argúcia de D. Nuno Álvares Pereira e recuperado depois, em Lisboa, no Terreiro do Paço, nas Beiras e nos campos do Alentejo, entre 1640 e 1668, nos recontros vitoriosos de Montijo (Espanha), 1644, Linhas de Elvas, 1659, Ameixial, 1663, Castelo Rodrigo, 1664 e na batalha derradeira, decisiva, de Montes Claros, em 1665.
Só após estas duras batalhas, sempre vitoriosas para as armas nacionais, os espanhóis se resignaram, assinando o Tratado de Paz, em Lisboa, em 1668, reconhecendo a Restauração da Independência de Portugal, na figura do Rei D.João IV, o ex-Duque de Bragança, que aderira ao plano dos conspiradores patriotas.
Houve que lançar alianças, buscar apoios fora da Península, reestruturar o Exército, reorganizar a Administração do Reino, reconquistar as possessões no Ultramar, no Império, que, descurado pelo espanhóis, havia caído, em grande parte, nas mãos de potências rivais, principalmente da Holanda, que sempre nos cobiçara territórios, na América, na África e na Ásia.
Do Brasil, partiu, então, uma preciosa ajuda militar, de colonos portugueses e já mesmo brasileiros, posto que nados e criados no Brasil, mas, irmanados sob a mesma bandeira, souberam lutar para expulsar o inimigo, de Luanda e de outras praças, para aí, de novo, implantarem a soberania portuguesa, outra vez triunfante.
Deve ter sido uma tarefa ingente que nos cumpre hoje recordar e respeitar, para não menosprezarmos aquilo que, então, tanto sangue custou a reerguer.
Em cada época, há uma forma própria, adequada, de defender a nossa soberania e, se os métodos podem mudar, o propósito, esse, deverá ser sempre o mesmo, se quisermos ser dignos do carácter valoroso dos nossos antepassados.
Honra, portanto, aos conjurados de 1640, à cabeça dos quais se achavanm homens de fibra como : João Pinto Ribeiro, D. Antão e D. Luís de Almada, D. Miguel de Almeida e D. Telo de Meneses, alguns dos 40 bravos patriotas, que nesse 1º de Dezembro de 1640 desencaderam a revolta que nos devolveria a dignidade da soberania perdida 60 anos antes, com a infeliz surtida de D. Sebastião nas areias ardentes de Alcácer-Quibir.
Nunca a memória destes feitos se apague das nossas cabeças e dos nossos corações.
A alguns nossos concidadãos poderá parecer excessiva ou deslocada esta linguagem, tão desabituados já estão de a ouvir, alguns deles, outros nunca a terão sequer ouvido. Mas a sua razão e a sua verdade, essas, não morreram ainda e esperemos que não morram nunca, por mais aprofundamentos que a nossa actual integração política na União Europeia venha a sofrer.
De resto, quem nos poderá garantir que o projecto de União Europeia anulará as actuais nacionalidades ? Quem tão-pouco nos poderá assegurar que a União Europeia será sequer um projecto realizável ?
AV_Lisboa, 01 de Dezembro de 2005, dia Feriado em Portugal, em memória da Restauração da Independência, neste mesmo dia de Dezembro, no ano de 1640.
Comments:
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Só aos desmemoriados (e um povo sem memória não existe) poderia parecer excessiva ou deslocada esta evocação, esta linguagem.
Que nunca nos doa a garganta para recuperar os feitos dos nossos antepassados, aqueles que foram construindo esta nação, este nosso orgulho.
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Que nunca nos doa a garganta para recuperar os feitos dos nossos antepassados, aqueles que foram construindo esta nação, este nosso orgulho.
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